ATA DA QUADRAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 03.11.1987.

 


Aos três dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Terceira Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Plínio Sefton de Azevedo, concedido através do Projeto de Resolução nº 30/ 86 (proc. nº 2107/86). Às dezessete horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Gildo Vissoky, Vice-Presidente do Sindicato Médico; Dr. Isaac Magrisso, representando o Conselho Regional de Economia; Jorn. Mário Emílio de Menezes, representando a Associação Rio-grandense de Imprensa; Dr. Plínio Sefton de Azevedo, Homenageado; Srª. Maria José Ortiz de Azevedo, esposa do Homenageado; Verª. Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre e proponente da Sessão. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Verª. Gladis Mantelli, em nome das Bancadas do PMDB, PDT, PFL, PT, PSB e PL, disse de sua honra por participar da presente homenagem, comentando a luta sempre empreendida pelo Dr. Plínio Sefton de Azevedo em prol do bem da comunidade e, em especial, do funcionalismo público. Fez um histórico das atividades do homenageado, citando vários cargos importantes assumidos por S.Sª como representante da classe dos funcionários públicos. Discorreu sobre matéria escrita por S.Sª à Comissão de Sistematização da Assembléia Nacional Constituinte, na busca de melhoria da situação do funcionalismo público no País. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, declarando que a presente homenagem ao Dr. Plínio Sefton de Azevedo é praticamente um dever desta Casa, salientou ter S.Sª. dedicado sua vida em função dos funcionários públicos do Brasil. Discorreu sobre a vida funcional do homenageado, falando de seu espírito de liderança, o qual deixou tantos frutos em meio a sua categoria. Ao final, parabenizou-se com o Dr. Plínio Sefton de Azevedo, dizendo que a presente Sessão engrandece a galeria dos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre. Em continuidade, o Sr. Presidente convidou a Verª. Gladis Mantelli a proceder à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Plínio Sefton de Azevedo e concedeu a palavra ao homenageado, que agradeceu o título recebido, discorrendo sobre suas lutas, como membro classista, em prol do funcionalismo público brasileiro. Após, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à presente solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e dezenove minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pela Verª. Gladis Mantelli, Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pelas Bancadas do PMDB, PDT, PDS, PFL, PSB, PL e como proponente da Sessão, a Ver.ª Gladis Mantelli.

 

A SRA. GLADIS MANTELLI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados: a vida é um caminho de sombras e luzes. O importante é que se saiba vitalizar as sombras e aproveitar a luz.

Neste caminho que lhe foi traçado por vocação, Plínio Sefton de Azevedo foi até o fim de si mesmo exercendo o papel que lhe cabe na obra comum e marcando sempre presença, pelo seu dinamismo, capacidade, dedicação e amor à causa pública, assim como pelo seu grande espírito solidário.

O líder classista dos servidores públicos, ao longo de sua carreira, soube de forma exemplar honrar a função da representatividade, exercendo-a intensa e eficazmente, com os mais dignos propósitos.

São 36 anos de luta por um mesmo ideal, servir o bem comum. Como representante dos seus pares, ocupou os seguintes cargos:

- Secretário-Geral da hoje Associação Beneficente dos Servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ABSURGS)

- Membro da Diretoria do Centro dos Oficiais Administrativos do Estado do Rio Grande do Sul (COAE).

- Presidente do Centro dos Oficiais Administrativos do Estado do Rio Grande do Sul.

- Presidente do Conselho Deliberativo do Centro dos Oficiais Administrativos do Estado do Rio Grande do Sul.

- Secretário da Caixa de Pecúlio da Imprensa Oficial do Estado do Rio Grande do Sul.

- Presidente da Associação dos Técnicos em Contabilidade do Estado do Rio Grande do Sul., sendo um de seus fundadores.

- Presidente de Honra da Associação dos Técnicos em Contabilidade do Estado do Rio Grande do Sul.

- Membro do Conselho Deliberativo da Associação dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul, com três mandatos.

- Presidente de Honra da Federação das Associações de Servidores do Estado do Rio Grande do Sul.

- Membro do Conselho Fiscal da Associação dos Servidores Ativos e Inativos do Estado do Rio Grande do Sul.

- Presidente da Associação dos Servidores Ativos e Inativos do Estado do Rio Grande do Sul.

- Sócio Benemérito do Centro dos Servidores do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul.

- Membro do Conselho Deliberativo da Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul.

- Suplente do Conselho Fiscal da Sociedade de Economia do RGS e do Sindicato dos Economistas.

- detentor de título por serviços relevantes prestados ao Estado do Rio Grande do Sul pelo fato de ser Presidente da Comissão de Pensões Vitalícias do Estado do RGS.

Suas atividades, pela seriedade com que foram desenvolvidas, extrapolaram esta Cidade e Estado, tendo participado e atuado em muitos eventos nacionais da categoria a que pertence.

Ser representante classista nunca foi um empecilho para que desempenhasse com brilhantismo e dedicação as diversas funções que lhe foram atribuídas na vida profissional, como a organização do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Litoral (CODEL), hoje Secretaria do Planejamento. Também é de sua autoria o projeto de transformação da imprensa oficial em CORAG e foi ele quem organizou a OSPA, gestão de Moisés Velhinho. E, ainda, hoje, com o mesmo entusiasmo de quem inicia uma carreira, preside a Associação dos Pensionistas e Aposentados do Rio Grande do Sul.

A perfeição e atualização foram caminhos obstinadamente perseguidos ao longo de sua vida. Economista, Administrador e Técnico em Contabilidade, com curso de extensão universitária em Chefia e Liderança ministrados pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS, participante de inúmeros seminários de interesse dos servidores, é autor de tese aprovada por unanimidade em Congresso Nacional de Servidores Públicos, que inclui os direitos e benefícios da categoria, em capítulo específico, de todas as cartas magnas (federal, estadual e leis orgânicas municipais). Participou, também, da elaboração de regimentos e anteprojetos que viessem a ordenar e tornar mais eficientes os departamentos públicos, de maneira a atender os interesses dos funcionários. Sem falar nos artigos sobre Economia que escreveu para diversos informativos locais, o que reflete um homem preocupado com a comunidade e disposto a mudanças, sem jamais constituir-se numa testemunha pacífica dos acontecimentos.

Como tem feito ao longo de sua jornada, Plínio Sefton de Azevedo continua a ser um grande entusiasta e batalhador, no momento preocupado com a participação do servidor público na Constituinte, tendo publicado, inclusive, artigo na imprensa gaúcha sob o título “O Servidor Público e a Constituinte.”

Por ser verdadeiro símbolo de classe, pela dedicação, competência, urbanidade no trato, amor à causa pública, à sua categoria profissional à sua gente é que esta Casa, por nossa proposição, confere-lhe a justa e merecida homenagem de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

Plínio, aqui eu gostaria de fugir um pouco do discurso formal e oficial para dedicar algumas coisas mais próximas e mais afetivas a ti, porque não só fiz a proposição que foi imediatamente aceita pelos meus colegas, até por aquilo que eu acabei de ler, mas porque tu és a pessoa que tu és, alguém que eu conheço, alguém que eu acho que esta Cidade já deveria ter homenageado há muito mais tempo, por tudo aquilo que tu fizeste pelos funcionários e por aquilo que dedicaste a tua vida. Já tivemos a oportunidade de trabalhar juntos. Nós conhecemos e sabemos o que somos capazes de fazer.

Receba, Dr. Plínio, nossos cumprimentos por ter tão sabiamente vitalizado todas as sombras que se apresentaram no seu caminho e aproveitado a luz de forma a refleti-la aos seus semelhantes. Aos familiares e amigos aqui presentes, o nosso carinho e a certeza de nossa missão cumprida.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, que falará em nome da Bancada do PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, familiares e amigos do homenageado.

Em nome do Partido Comunista Brasileiro, venho à tribuna para homenagear mais do que um Servidor Público, um homem que dedicou toda a sua vida a defender os interesses desta categoria hoje tão mal vista, tão vilipendiada, tão maltratada em todos os níveis governamentais deste País.

Conheço Plínio há muitos anos. Nas nossas tertúlias pelas esquinas da cidade, partilhamos muitas vezes de opiniões coincidentes a respeito do tratamento que devessem ter os funcionários públicos deste País, que o Plínio representou durante tanto tempo e continua representando.

Numa sociedade como a nossa em que os exemplos de probidade, de interesse pelo seu semelhante estão ficando cada vez mais escassos, homenagear a figura do Plínio é um dever desta Casa, em tão boa hora proposta pela Ver.ª Gladis Mantelli. Ao longo de toda a sua carreira de funcionário público não consta nenhum deslize praticado pelo Plínio; pelo contrário, tem uma vida funcional repleta de atos honrosos que podem deixá-lo tranqüilo, assim como a seus familiares e amigos... (Palmas.)

Dizia que esta Casa e repito as palavras da Ver.ª Gladis Mantelli, já há mais tempo deveria ter se preocupado em homenagear esta figura excepcional. Mas sempre é hora de nos lembrarmos daqueles que partilharam conosco, com a cidade, com a sociedade em geral, das suas preocupações.

O Plínio pode ter certeza que a sua luta não foi em vão - muito de seus exemplos ainda frutificam - e a juventude de Plínio o ajudará a servir por muito tempo ainda esta comunidade tão carente de lideranças autênticas, de lideranças que possam conduzi-la a um resultado melhor do que aquele que desfrutam hoje em dia.

Não vou me alongar neste discurso porque teria muito a relatar e nós temos que ouvir o homenageado que, certamente, terá muitas coisas a nos dizer.

Quero encerrar trazendo o meu fraternal abraço ao Plínio, aos seus familiares, aos seus amigos por esta homenagem que engrandece a galeria dos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre, porque ele, certamente, cumpriu a sua tarefa e continuará cumprindo o seu desígnio. Parabéns, Plínio. Parabéns à Cidade por ter um Cidadão Emérito do teu porte e parabéns a ti por integrares esta galeria. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: A seguir, como é de praxe da Casa, a Mesa convida a Ver.ª Gladis Mantelli, autora da proposição, a fazer a entrega do Título de Cidadão Emérito ao Dr. Plínio Sefton de Azevedo.

 

(A Sra. Gladis Mantelli faz a entrega do Título ao Sr. Plínio Sefton de Azevedo.)

 

(Palmas...)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Dr. Plínio Sefton de Azevedo, novo Cidadão Emérito.

 

O SR. PLÍNIO SEFTON AZEVEDO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus colegas, inicio este pronunciamento com o agradecimento a todos quantos direta ou indiretamente proporcionaram que hoje este simples cidadão recebesse o título tão honroso, que a cidade de Porto Alegre oferece a quem tenha prestado serviços relevantes à comunidade, que é o de seu “Cidadão Emérito;”

À Ver.ª Gladis Mantelli, duplamente minha colega, Economista e Servidora Pública (Professora), autora da proposta de concessão do título honorífico em epígrafe, a minha perene gratidão.

À Câmara de Vereadores de Porto Alegre, no seu conjunto, agradeço, profundamente, o privilégio em relação a outros homenageados, que só o foram após a morte.

Nada melhor do que o próprio homenageado ver reconhecida a sua ação ainda em vida, eis que é gratificante para o mesmo tal demonstração de apreço.

Ao meu saudoso pai, devo a forjação de um caráter que fez com que eu seja o que sou.

Aos órgãos de difusão (jornais, rádios e televisões) e aos seus profissionais, que proporcionaram a divulgação da ação que efetuei à frente de diversas entidades, o meu especial e sincero agradecimento, pois muito contribuíram para que hoje se realizasse este ato.

A todos quantos, comigo, ao longo destes anos, mais de 35 de atividade classista, participaram desta difícil, mas profícua caminhada em prol dos interesses dos servidores públicos, o meu candente reconhecimento.

Aqui e agora, rendo a minha homenagem à categoria a que tenho a honra de pertencer, dizendo que recebo o título que me outorgaram, de Cidadão Emérito de Porto Alegre, afirmando, simbolicamente, que ele é de toda a categoria, servidores públicos federais, estaduais e municipais que, anonimamente, labutam para o benefício de toda a comunidade porto-alegrense e até gaúcha, senão também brasileira, por que não dizer? O título não é só meu. É também deles.

À minha esposa Maria José, também servidora pública, e a meus filhos e seus familiares, Plínio, Paulo César e Regina Helena, devo o estímulo, o apoio, o incentivo e a compreensão, em todos os momentos da minha ação em favor desta numerosa categoria, que muitas vezes tem sido tão vilipendiada, tão maltratada, tão incompreendida, tão caluniada, tão injuriada, tão desprezada, apesar da sua importância.

Aos meus colegas e amigos, muito deles aqui presentes, pela força a mim transmitida, pelo apoio dado e pelo estímulo proporcionado, o mais profundo dos agradecimentos.

Lá pelos idos do ano de 1951, seguindo os passos dos líderes da categoria na época, dos quais cito alguns como os mais expressivos, o Médico Dr. Mário Bittencourt de Azambuja, o Engenheiro Ruy Bacellar, os Srs. Chico Aveline, Cyrano Araújo, Danilo Valério e Paulo Silveira, as Professoras Anfilóquia Assis, Tereza Noronha de Carvalho, Zilah Totta, Glacy Rolim, além de outras, iniciei a minha atividade de dirigente classista passando a adquirir, desde aquela data, paulatinamente, ao longo dos anos, a bagagem de conhecimentos e de experiência que hoje possuo.

Exercendo os mais variados cargos diretivos nas entidades menores, fui adquirindo um rico e imenso manancial de conhecimentos que têm sido útil à categoria, em especial neste momento histórico, que é o da Constituinte.

Em 1972, pela primeira vez, exerci a Presidência da FASPERS (Federação Associações de Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul), quando no VIIIº Congresso Nacional dos Servidores Públicos do Brasil realizado no mês de outubro, em Porto Alegre, na PUC, lançou-se um dos primeiros gritos reivindicatórios de direito ao 13º salário (gratificação natalina) para o funcionalismo público.

Tal proposta partiu da iniciativa das delegações de 5 Estados, dentre eles o Rio Grande do Sul, com trabalho de nossa autoria.

Alguns anos mais tarde, em 1979, quando do início da transição para a abertura democrática, novamente fui eleito para exercer o cargo de Presidente da FASPERS, tendo sido reeleito em 1981, cumprindo até 31 de agosto de 1983 4 anos de exercício, com 2 mandatos de 2 anos cada um.

Ao findar este último período, após 3 mandatos na Presidência da “entidade máter” dos servidores públicos estaduais, foi-me outorgado o título, que muito me desvanece, de Presidente de Honra da FASPERS.

Registro, também, que a FASPERS foi fundada no início do ano de 19, sendo seu primeiro Presidente um dos baluartes da categoria, o Dr. Gildo Vissoky, atualmente exercendo o cargo de Vice-Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul.

Por ocasião do exercício dos meus 2 últimos mandatos de Presidente da FASPERS, integrando a delegação gaúcha, juntamente com os Presidentes da FEGASP e da FAMERGS, respectivamente, os colegas Joel Rodrigues (federal) e Nilton Leal Maria (municipário), assim como outros dirigentes destas entidades e de filiadas às mesmas, participei do XIIIº Congresso Nacional dos Servidores Públicos do Brasil, desde o final do mês de maio de 1981, em Recife (Pernambuco), no meu modesto entender o mais importante até agora efetivado pela categoria, face ao conteúdo da matéria tratada na efeméride.

A delegação gaúcha, mais uma vez com atuação destacada, apresentou Tese, elaborada por este que vos fala, que propunha a inclusão nas Cartas Magnas (Constituição Federal e dos Estados e Leis Orgânicas Municipais), no capítulo específico referente aos servidores públicos, dos direitos e vantagens mais importantes e abrangentes que, entre outros, são: a sindicalização, o 13º salário, pensões mais dignas, reajustes de proventos e de pensões (mesmo quando da prática do artifício de reclassificações e/ou transformações de cargos e funções) sejam efetuados com percentuais iguais e nas mesmas datas em que o forem os vencimentos dos servidores em atividade, a participação paritária em órgãos, comissões, grupos de trabalho, etc., que tratem de assuntos pertinentes à categoria: a insalubridade, a periculosidade, a estabilidade, além de outras tantas reivindicações, algumas até bastante antigas, que deixo de agora, arrolar.

Não é preciso dizer que pela sua importância para toda a categoria, a tese mereceu a aprovação unânime, tanto na órbita da Comissão Temática como no Plenário, pelos congressistas lá presente, oriundos de todos os recantos deste País de dimensões continentais, em números que se aproximava a 1.100 pessoas.

No corrente ano, recentemente (em maio/junho), estive em Brasília, cumprindo um juramento que havia feito para mim mesmo, assim como a uma promessa pública feita a muitos colegas, de que tentaria, por todas as formas possíveis, promover a inserção no texto da futura Constituição de todos os tópicos referentes aos direitos e vantagens de maior importância e abrangência, aprovados nos Congressos Nacionais da categoria.

Com este objetivo, inicialmente, mantive contato com a Subcomissão dos Direitos dos Trabalhadores e Servidores Públicos, continuando, após a aprovação do relatório da mesma, os contactos na etapa seguinte, que foi a da Comissão da Ordem Social, ambas temáticas.

Paralelamente a este trabalho, visitei os Gabinetes dos constituintes (Senadores e Deputados Federais), todos os do nosso Estado e muitos de outras unidades da Federação, parlamentando com os próprios, na maioria das vezes, e com seus assessores, isto em cerca de 20% do Congresso Nacional Constituinte, tentando, sempre, o convencimento de que tais itens devem estar expressos na Carta Maior.

Apesar destas providências, continuo, entretanto, mantendo contato com os constituintes, atualmente na fase da Comissão de Sistematização, tanto através de correspondência como telefonicamente e até, através de colegas que lá estão a fazer o mesmo que nós.

Sinto-me, por isto, a vontade para afirmar que se depender do nosso esforço, com o trabalho incansável que executei junto aos constituintes, acompanhado por colegas de outros Estados e do Distrito Federal, o capítulo que diz respeito a categoria deverá ser satisfatório para toda a categoria dos servidores públicos.

Bem, apesar de toda esta luta, que tem durado, para mim, mais de 3 décadas, posso afirmar que nunca deixei de cumprir o meu dever funcional, assim como os horários que me impunham os regulamentos, vistos que até extrapolei as minhas obrigações legais, prestando serviços que não faziam parte das minhas atribuições fixadas por leis, fato este de que não me queixo, pelo contrário me regozijo.

Para ilustrar esta assertiva, cito que entre outras atividades, como a elaboração de vários regimentos internos de órgãos públicos, de anteprojetos de lei e de decreto e outros estudos, pesquisas levantamentos, executei a montagem, no ano de 1960, da CODEL-Comissão de Desenvolvimento Econômico do Litoral (gestão do Engenheiro Mário José Maestri), reorganizei a estrutura administrativa da OSPA - Fundação Autárquica Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, no ano de 1970 (gestão do saudoso Ministro Moysés Vellinho), e elaborei o anteprojeto de viabilidade econômico-financeira e administrativa da CORAG - Compania Rio-grandense de Artes Gráficas, que proporcionou a transformação do antigo DIO - Departamento de Imprensa Oficial do Estado em Companhia de Economia mista, fato concretizado em 1973.

Na ação administrativa que tive a oportunidade de encetar, a fim de corporificar os trabalhos retro mencionados, seja criando estrutura seja transformando as já existentes ou, ainda, elaborando outros anteprojetos, cabe citar que devo, principalmente, o cabedal de conhecimentos e de capacidade adquirindo, além daquilo que tem caráter teórico, à orientação prática à implantação, às lições, ao ensinamento e aos exemplos que sempre me deram 2 grandes mestres do serviço público, o meu dileto amigo Dr. Pery Pinto da Silva e o saudoso Dr. Jutahy Telles de Nonohay, que, no meu modesto entender, transmitiram-me, como seu discípulo, o mérito que, por ventura possa me ser atribuído, o que hoje está ocorrendo.

Por isto, agora, também, credito a eles o título, que hoje, com toda a honra, foi-me atribuído.

Ainda, para que eu não venha a omitir, injustamente, um fato de grande importância e relevância para a história da categoria, faço o registro de que, quando do final do denominado período autoritário e do início da chamada abertura democrática, os líderes que tiveram a audácia, a coragem, a inspiração de despertar a consciência, até então completamente adormecida, talvez até um tanto temerosa da repressão e/ou acomodada, dos servidores públicos, em nosso Estado, foram, pela ordem cronológica, Hermes Zanetti (magistério), este que vos fala (servidores estaduais), Joel Sarna Rodrigues (servidores federais) e Nilton Leal Maris (servidores municipais), auxiliados todos eles por um pequeno grupo de abnegados, que deixo de citar nominalmente, a fim de não cometer injustiça pela omissão do nome de algum deles, por falha de memória.

É claro que os líderes, pela sua condição humana, tanto acertam como erram, pois não são infalíveis, mas, efetivamente, eles ajudam a fazer a história.

E, agora, neste momento, eu estou contando um pouco da história dos servidores públicos.

Também os líderes sentem, sofrem tem satisfação ou decepções, embora, geralmente, não o demonstrem.

Eles defendem com denodo aos seus liderados, muitas vezes com grandes riscos, até mesmo da saúde ou da vida conforme a história do mundo nos conta.

Interpretando, creio eu, o que pensam a categoria e seus líderes, de que não tem cabimento que se façam campanhas contra a esmagadora maioria dos servidores públicos, que fizeram de sua atividade uma profissão para benefício da coletividade, usando-se as exceções, que não atingem a 1/2 % do seu total, como se fora a regra geral, ao aplicar-se o termo “marajá” com um sentido pejorativo, quando na verdade existe um verdadeiro exército de colegas pessimamente remunerados, com vencimentos ou salários abaixo do mínimo digno para viver, deixando-se, também, de dar ênfase ao outro lado da medalha.

Antes de se jogar a primeira pedra, olhe-se para cima para que fique constatado se o seu telhado não é de vidro.

Espelhando a revolta da categoria, quanto a este tipo de ação, que foi orquestrada nacionalmente, em nome, acredito de todos os meus colegas, desagravando-os, protestei veementemente, através da imprensa, quando procedi a publicação de uma nota sob o título: “A verdade sobre os servidores públicos.”

Aqueles que tem alguma parcela de responsabilidade para com a opinião pública, como Vossas excelências, Senhores Vereadores, representantes das diversas correntes políticas, e nós líderes de classe ou de comunidade, muitas vezes sofremos incompreensões, mas podem ter a certeza de que tudo o que fazemos é em busca da preservação do direito natural de cada pessoa e do bem comum de nossos liderados.

Os líderes não tem o direito de serem omissos, de ficarem calados, de ficarem inertes, embora, as vezes, o sejam mal interpretados por alguma atitude tomada.

Por bons e maus momentos passam os líderes, por isto classifico o trabalho que realizar, em favor da coletividade que representam, como um verdadeiro sacerdócio, considerado o desgaste que sofrem.

Eles, na verdade, tem mais frustrações e decepções do que alegrias.

Porém, apesar de tudo, eles são necessários, pois não se concebe movimento organizado sem liderança efetiva e consciente.

Aproximando-se do final desta oração, aproveito para agradecer, mais uma vez, a V. Ex.as, em especial a Ver.ª Gladis Mantelli, a homenagem que me prestam, desejando-lhes as melhores inspirações para que tentam condições de satisfazer, sempre e plenamente, aos anseios da comunidade que representam.

Agradeço, igualmente, aos líderes de bancada, que nos saudaram, em nome de seus Partidos, com palavras tão amigas e confortadoras.

Bem, agora, agradeço, igualmente, a todos os colegas, companheiros, amigos, membros da imprensa, parentes e a meus familiares, que aqui vieram trazer, com a sua prestimosa presença, a sua solidariedade e amizade, bem como prestígio a esta solenidade, abrilhantando-a.

Por último, para finalizar, peço as minhas escusas a todos por algum excesso ou mesmo deslize que possa ter cometido, com as palavras que acabo de proferir. Muito obrigado. Muito obrigado, mesmo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. homenageado, Srs. Presentes, vou ter o cuidado de não avançar tanto quanto avançou a Ver.ª Gladis Mantelli, que deixou de certa forma nós outros preocupados, também pouco vou, ao encerrar os trabalhos, pretender acrescentar algo mais daquilo que é um dos paradigmas dos homens públicos, independente de suas ideologias, que é o Ver. Lauro Hagemann.

Mas terei que dizer ao homenageado, com a singeleza própria do retrato que guardo de S. Sa., de quando criança, ainda, que me preparei para este ato, hoje ainda conversava na minha família sobre os cuidados que deveria ter porque o homenageado envolvia uma História inteira. Exatamente a História de quando a gente conhece as coisas públicas, quando sequer poderia eu sonhar estar dirigindo uma Sessão em que ele seria o homenageado. Admitia, então, que ele poderia ser o homenageado, mas que jamais eu poderia presidir a Sessão Solene.

Por isso, com os cuidados necessários que por si só a Ver.ª Gladis Mantelli recomendou que nós tivéssemos, diria que o Plínio da minha intimidade, da minha adolescência, forma, com homens que ele citou e que tive profunda convivência como Peri Pinto Diniz, mais, especialmente, com o Dr. Jutay Nonai com que tive a felicidade de ter os primeiros ensinamentos na vida pública trabalhando na mesma sala. Dizer que a homenagem que ora se presta talvez não seja só ao obstinado Plínio, mas pela síntese de virtudes de quase obstinação no exercício da função pública uma resposta que ele poderia, com a sua imagem, sintetizar a tantos quantos tentam nesta hora assacar contra os funcionários públicos a nível federal, estadual e municipal. Acho que a homenagem transcende a pessoalidade e recoloca uma idéia que o homenageado, aliás, colocou em seu discurso quando focaliza os tantos marajás e tão pouco aqueles que engariavam dos cofres públicos quantias insignificantes para prestarem os seus trabalhos. Aos homens que não têm vocação para a vida pública é inadmissível que alguém o tenha e o Plínio é exatamente uma resposta que se pode ter obstinação, se pode gostar de trabalhar na vida pública, quer como simples funcionário, quer ocupando os cargos que ele ocupou, indiferente, quer realizando as suas tarefas rotineiras, quer estridulando essas tarefas rotineiras. De maneira, Plínio que eu acho que este ato simboliza um posicionamento global da Câmara de Vereadores de Porto Alegre para dizer que os funcionários públicos não são isso que dizem ou que pretendem dizer. Há gente devotada à coisa pública, como se deve admitir que há gente devotada à coisa privada. Apenas avançaram sobre os funcionários públicos de uma forma, não só orquestrada, como disse o homenageado, mas sobretudo de uma forma insólita e pusilânime, eis que não mostraram a realidade do nosso País, e não mostraram a realidade dos funcionários públicos brasileiros. Somos obrigados, neste momento, a voltar nossos olhos a longínquos municípios brasileiros pobres, cujos funcionários recebem migalhas e que a história dos marajás é exceção, a regra é miséria. Não foi orquestrada a miséria, foi orquestrada a exceção.

Gostaria, também, em homenagem ao Plínio, em homenagem ao ato, à presença dos colegas, como o Ver. Frederico Barbosa que tão bem conhece este assunto, dizer que muitos que criticam gostariam de inserir nos quadros do Estado, Município ou União, seus próprios filhos ou parentes, como não conseguem aumentam sua frustração e sobretudo trazem para os funcionários públicos brasileiros uma pecha.

Acho que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre não promove um ato solene hoje, tampouco agracia a quem tanto trabalhou no serviço público, quem tanto trabalha por ele, mas, sobretudo oferece com este ato, de uma forma simbólica, mas perfeitamente palpável, uma resposta a tantos quanto vêm fazendo esta campanha e sobretudo oferecendo Título de Cidadão desta Cidade a um funcionário público. Que examinem aqueles que criticam os funcionários públicos a vida e a obra que a Sra. Ver. Gládis Mantelli relatou, para que antes de criticarem, vejam que é possível fazer, não é só uma carreira, mas - sobretudo servir a comunidade que paga para os funcionários servi-la.

Por isso, Plínio, por mais afeto que carregue, sou abrigado a assumir a postura da impessoalidade afetiva para declarar que não foi bem o Dr. Plínio Sefton de Azevedo que recebe o Título, mas foi sobretudo aquele que pode servir como exemplo e paradigma a todos quantos ofendem o funcionalismo público em geral.

Acho que esta Câmara e a Vereadora a propor, quiseram dar uma resposta muito cabal ao hoje humilhado e ofendido quadro dos funcionários públicos todos os níveis da República. Nós não teremos, certamente, amigos de Plínio, as nossas palavras e nem a dele, coloca de forma orquestrada no cenário nacional, é verdade, mas nós temos que deixar gravado na nossa história que muitas mentiras têm sido ditas e montadas nesta Nação, em nome de classes, categorias e sobretudo criando para o Brasil impasses de toda a ordem. E dizer que esta Câmara responde a tudo isto, na certeza que será criticada até por este - próprio ato mas nós não estamos aqui com delegação para defender interesses desconhecidos ou conhecidos, pois que, alguns monopólios e oligopólios tentam massacrar os funcionários públicos.

Por isso Plínio, com a minha simplicidade, que me auto-disciplinei para isto, receba o cumprimento da Câmara de Vereadores, fazendo da iniciativa da Ver.ª Gládis Mantelli um ato de perfeito discernimento entre aqueles que servem e os que querem se servir da Pátria. Sobretudo nunca desejaram uma igualdade social e uma fraternidade dentro da nossa sociedade. Muito obrigado.

Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h19min.)

 

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